Escrever um artigo de opinião no rescaldo de um clássico do futebol em Portugal é muito arriscado… Muitos serão aqueles que, pelos próximos dias/semanas, irão abordar esta matéria, sobre diversas perspetivas…a perspetiva que a mim me interessa é a da gestão e organização de um clube ou evento desportivo.
E sobre esse aspeto, foi publicado, na passada semana, pelo IPAM – The Marketing School, uma Análise do Impacto Económico da 30.ª Jornada da Liga NOS, entre o SL Benfica e o FC Porto, estudo coordenado pelo Prof. Doutor Daniel Sá, utilizando uma metodologia da UKSport para prever, precisamente, o impacto económico de eventos desportivos antes da sua realização, cuja fiabilidade das suas previsões ronda os 64 a 79% dos valores reais estimados à posteriori.
Centremo-nos então no conteúdo do estudo, que revela que este clássico do futebol nacional iria gerar, aproximadamente, 23 milhões de euros em receitas. Para ser mais preciso em receitas diretas iria gerar 3 milhões de euros, onde se enquadra receitas de bilheteira, direitos de transmissão televisiva, publicidade e ações promocionais no estádio, segurança, hospitalidade e restauração. E 20 milhões de euros de receitas indiretas provenientes de publicidade, das subscrições do canal televisivo BTV, da venda de jornais, de apostas on-line, da venda de merchandising, das deslocações dos adeptos ao estádio e o consumo do jogo em casa e na restauração.
Paralelamente este evento, em específico, iria ter uma audiência televisiva espectável de aproximadamente 3,5 a 4 milhões de telespectadores, aos quais se deveria acrescentar os 65000 espectadores (lotação total do estádio) que optariam por assistiram ao vivo ao jogo, o número real de espectadores ficou-se pelos 63534, constituindo, de qualquer das formas, a maior assistência da presente época desportiva.
Ora parecer-vos-á números megalómanos, contudo, devo ressalvar que esta é a realidade de apenas uma ínfima parte do desporto em Portugal, e neste caso em específico do futebol e dos grandes emblemas nacionais. Contudo, devo referir que não são apenas os clubes a beneficiar com estes valores estimados pelo estudo do IPAM. Para além destes, os potenciais beneficiários são também as agências de publicidade e meios, empresas de catering, a rede de transportes públicos, o canal HORECA (Hotelaria, Restauração e Cafés), as empresas de segurança, as empresas de limpeza, a PSP, as casas ou empresas de apostas, os meios de comunicação social (jornais, rádios e televisões), as gasolineiras, os concessionários de autoestradas, as marcas desportivas, as cervejeiras, os hipermercados, as entregas de comida ao domicílio, as tabaqueiras, entre muitas outras referidas no estudo.
Ainda de acordo com dados do IPAM, em termos comparativos, a Final da Liga Europa 2013 que colocou frente a frente o Benfica e o Chelsea, que se disputou em Amesterdão, gerou em termos económicos 157 milhões de euros. E no ano passado a Final da Chamipons League que se disputou em Lisboa entre o Atlético de Madrid e o Real Madrid gerou 409 milhões de euros…
São dados muito interessantes, mas a grande maioria dos leitores, estará a pensar: “A realidade do meu clube é incomparável! Lutamos diariamente para fazer face às despesas e as receitas nem as vemos!” Pois… tenho que concordar convosco, mas estes dados podem ser-nos úteis para delinearmos uma estratégia adequada e adaptada à realidade do nosso clube, seja de que modalidade for…
Por isso mesmo, não perca o próximo artigo, onde irei contar a história de um diretor de marketing de um clube de pequena dimensão a quem lhe propuseram um grande desafio… Criar um departamento de marketing e colocar o clube a gerar receitas mas com um condicionalismo, tinha um grande e redondo zero (0) para iniciar o trabalho, ou seja, não tinha recursos humanos, nem materiais, nem tão pouco financeiros… embarque, então, nas 24 horas na vida de um diretor de marketing já no próximo artigo.