Que tipo de preparação o treinador precisará para a competição? – pt. II

Várias têm sido as investigações que se tem preocupado com as capacidades do treinador que evidencia claramente o seu desempenho.

A preparação física é fundamental para a manutenção da sua condição física e saúde. Não só os jogadores têm de estar em boa condição física; o treinador deve manter-se em condição para exercer com dignidade física as suas funções.

Por outro lado o treinador deve conhecer os traços mais significativos da sua personalidade. Se o treinador não está bem consigo próprio, tem dificuldade em relacionar-se com os outros. Não estará em condições para motivar e transmitir confiança aos seus atletas e restantes colaboradores.

A tensão das reacções emocionais, atinge a sua máxima intensidade em situações de competição. É nessas mesmas situações que lhe são exigidas o máximo das suas capacidades. A sua atitude irá encorajar/desencorajar os seus atletas.

O treinador deve ter capacidade para exercer uma liderança, sem ser influenciado pelas emoções nele provocadas pelas situações competitivas.

Preparação Física e a Preparação Psicológica do treinador, permitem o desenvolvimento do controlo emocional e do comportamento, para a autodisciplina e autodomínio, factores essenciais para a direcção e orientação da dinâmica grupal, que se vive nos jogos desportivos colectivos e que se substima quando o grupo se empenha na competição desportiva, onde a vitória continua a ser a meta principal e não o sucesso conquistado na participação e avaliado pelo empenho maximal que está ao alcance do atleta.

O treinador deverá fazer uma lista permanente de todos os pontos essenciais para a orientação do jogo que vai dirigir. Por exemplo:

  1. Ver o historial dos jogadores e dos jogos mais recentes
  2. Os pontos mais fortes de cada um dos jogadores (direcções de ataque, serviço e detalhes por rotação);
  3. Características dos receptores e a sua eficácia por rotação
  4. Tendências do passador de acordo com o tipo e local de ponto de queda da recepção;
  5. A forma de comunicação com os atletas e estratégias (ex. Bloco);
  6. O movimento dos blocadores adversário e a tomada de decisão do nosso passador.
  7. Etc.

 

Esta lista constituirá uma grande ajuda para o treinador, visto que prepara uma memória mental que actualiza as pistas/sinais a que pode recorrer, mesmo que o clima emocional da competição seja intenso.

Para o treinador é essencial que tenha uma “tomada de decisão” que transmita confiança e segurança.

Existem duas incidências da preparação do treinador que são consideradas relevantes: o desenvolvimento da sua capacidade de observação e de interpretação da informação recolhida nessa observação. Como vamos ver no ponto seguinte, o treinador trabalha com um grupo de pessoas e máquinas (computador, vídeo, etc) que o ajudam nesta e noutras funções.

De facto, ao treinador não basta “ver”, é fundamental observar e analisar. É pela observação e interpretação da informação recolhida da sua equipa e do adversário (ambas a nível técnico-táctico e psicológico) que o treinador intervém antes (elaboração de sessões de treino, do plano de jogo, estratégias, etc), durante (substituições, “tempos”, etc) e após (comentários, elaboração de novas sessões de treino, etc) a competição. É portanto, fundamental que o treinador se treine a observar.

 

O capitão, pelo seu envolvimento simultâneo com os treinadores e os jogadores, é um elemento que pode contribuir para trazer informações adicionais e que, na maioria das vezes, não são fáceis de obter pelos treinadores.

Além disso, a sua atitude em competição é decisiva para a transmissão de confiança aos seus colegas.

Os conhecimentos técnicos e as qualidades que possui (alegre, organizado, trabalhador, fiel, etc.), são muito importantes. No entanto, dadas as exigências de uma competição, é importante uma preparação psicológica mais reforçada, relativamente aos outros jogadores, para que mantenha o equilíbrio emocional..

É importante, também, preparar e definir, juntamente com os treinadores, as formas de comunicação a utilizar no jogo.

 

treinador adjunto, como treinador que é, intervém nas mesmas áreas de um treinador normal. No entanto, ha uma grande diferença entre dar uma sugestão e tomar uma decisão.

A decisão é a fronteira dos limites entre um e outro. Decidir é opção apenas do treinador principal.

As funções do treinador adjunto estarão sempre dependentes da orientação do treinador principal, em relação à sua acção e às tarefas que este lhe confia.

Na realidade internacional e já ao nível nacional, a analise e observação do jogo é confinada a um treinador adjunto (scouter) só com esta responsabilidade, o qual tem um papel decisivo na tomada de decisão do treinador principal, aceitando ou não todas as informações que vai chegando a ele e em particular durante um jogo. Desta forma a cumplicidade de este adjunto com o treinador principal é fundamental sendo importante ambos interpretarem o jogo de igual forma assim como saber focar na informação mais relevante para o jogo em causa, que anteriormente foi combinado.

A sua colaboração durante o processo de preparação para a competição é fundamental:

  • No momento e no local oportuno, deve expôr as suas ideias ou as suas discordâncias, desde que haja ambiente e confiança, facilitadores desta situação;
  • Pela sua maior proximidade com os jogadores, pode dar informações de como estes/equipa reagem às opções do treinador principal, do ambiente no seio da equipa, etc.;
  • Apoio ao treinador principal quando as coisas não correm bem.

 

É essencial que, durante o processo de preparação, o treinador principal defina as funções do treinador adjunto durante a competição, quer para que desempenhe eficazmente as suas tarefas, quer para haver uma boa cooperação no trabalho da equipa

No terceiro e último artigo sobre esta temática irei abordar a Preparação Especifica para a Competição.

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Informação sobre o Autor

Hugo Silva

Treinador da Seleção Nacional de Voleibol

• Licenciado em Desporto e Educação Física na FCDEF-UP • Treinador Principal da Selecção Nacional • Ex-treinador Principal do SC Espinho • Coordenador nacional do projecto Gira-Volei da FPV

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