Protocolo Olímpico

Os Jogos Olímpicos estão quase a começar. Desta vez o Rio de Janeiro é o centro deste evento global, com vários elementos de análise interessantes em termos protocolares, nomeadamente no que diz respeito às cerimónias de abertura e de encerramento.

Ao contrário do que aconteceu sempre nas cerimónias dos jogos de verão, por oposição aos jogos olímpicos de inverno, no Rio de Janeiro o estádio que acolherá as cerimónias de abertura e de encerramento, não é o mesmo estádio onde tradicionalmente se desenrolam todas as cerimónias de atletismo. Assim, teremos as cerimónias de abertura e de encerramento no renovado, mas mítico Estádio do Maracanã, que tem como nome oficial Mário Rodrigues Filho, no qual durantes os jogos decorrerão jogos da modalidade de futebol e os eventos principais de atletismo no Estádio Olímpico João Havelange, mais conhecido pelo Engenhão.

Esta situação, novidade na história dos Jogos de Verão, introduz desde logo uma questão. Onde irá estar a pira olímpica durante o período de duração dos jogos. Depois de muita especulação, já foi dada a informação oficial que após ser acesa no Estádio do Maracana, a pira Olímpica será deslocada para a zona portuária da cidade onde permanecerá para poder ser vista por toda a população. Certamente que regressará ao Estádio para o dia da cerimónia de encerramento.

A deslocação da pira olímpica não é propriamente novidade já que isso aconteceu nos jogos de 1976 em Montreal e recentemente em Londres em 2012. A diferença é que permaneceram sempre no Estádio Olímpico e não como desta vez, em que nunca estará neste estádio e será deslocada entre as cerimónias de abertura e de encerramento para uma zona central da cidade.

Estes jogos serão marcados por uma situação igualmente distinta. O Brasil vive neste momento com um Presidente da república que está suspenso, Dilma Roussef e com um Presidente Interino Michel Temer, pelo que o Comité Olímpico Internacional tentou arranjar uma formula protocolar que não causasse mais problemas e fosse de certa forma uma solução de acordo geral.

Assim Dilma Roussef foi convidada para estar presente, e estava previsto que se sentasse na tribuna onde ficarão os ex-presidentes da República, mas que fica situada por baixo da tribuna presidencial, sem que exata ligação entre as mesmas, evitando assim o encontro entre a Presidente suspensa e o Presidente interino.

O programa protocolar da cerimónia de abertura mantem os seus momentos definidos pelo Comité Olímpico Internacional e que são os seguintes:

  • A entrada do Chefe de Estado do País Organizador
  • O hino nacional do país organizador é interpretado
  • O desfile dos participantes
  • A libertação simbólica das pombas
  • A abertura dos Jogos pelo chefe país anfitrião de Estado
  • O hino olímpico, é interpretado enquanto a bandeira olímpica é entra no Estádio e é içada.
  • O juramento olímpico é feito por um atleta
  • O juramento olímpico é feito por um árbitro
  • O juramento olímpico é feito por um treinador
  • A última etapa e passagem da tocha olímpica e o momento em que a pira olímpica é acesa
  • O programa artístico

Alguns dos pontos apresentados, têm para além das suas próprias regras, também sido alvo de pequenas alterações pontuais de jogos para jogos, em função de diversas situações, mas nomeadamente por razões politicas.

O desfile dos participantes, em regra traduz-se na entra no estádio das comitivas por ordem alfabética do país organizadores, com exceção da Grécia que é sempre a primeira e o país anfitrião que é o último.

No desfile as comitivas fazem-se anteceder pela respetiva bandeira, sendo que neste campo registaram-se exceções como em 1980 como a Grã-Bretanha a desfilar com bandeira olímpica, tal como Timor-Leste nos Jogos de 2000. Também em 2000 e 2004 as duas Coreias desfilaram juntas sob uma bandeira especial.

A bandeira olímpica foi hasteada pela primeira vez nos jogos de Antuérpia em 1920 e foi desenhada por Pierre Coubertin, e incluía na sua versão original, os cinco anéis e o mote olímpico “ Citius Altius Fortius”. Hoje em dia o mote olímpico já não surge na bandeira, restando os cinco anéis, cuja simbologia ao contrário do que é muitas vezes referido, é a dos Cinco Continentes. As suas cores, as seis, Branco, Azul, Vermelho, Verde Amarelo e Preto, foram escolhidas por cada uma dessas cores existir nas bandeiras de cada nação.

A libertação dos pombos, como símbolo da paz é um dos momentos simbólicos da cerimónia de abertura mais importante no que respeita à própria mensagem dos jogos. No entanto depois da morte de vários pombos nos jogos de 1988 em Seoul, que tinham pousado junto á pira Olímpica, provocou uma alteração na ordem da libertação destas aves, tendo passado a ser realizada após a chama olímpica já estar acesa.

Por fim e porque nisto dos Jogos Olímpicos a politica mundial tem sido muitas vezes determinante, para além dos boicotes do bloco ocidental ao Jogos de Moscovo de 1980 e depois do bloco de Leste aos jogos de 1984, entre estes dois os momentos. Assim em 1984 e para falar apenas da cerimónia de abertura, a bandeira olímpica que deveria ter sido entregue por um representante da cidade anfitriã dos jogos anteriores, neste caso isso não aconteceu e foi um atleta americano que protagonizou este momento simbólico.

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Informação sobre o Autor

Miguel Macedo

Especialista e Formador em Protocolo

• Ex-Responsável de Protocolo Runporto.com • Técnico Superior de Relações Internacionais

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