FC Barcelona e Iniesta, uma Renovação para a Vida

Um dos melhores jogadores da atualidade, o médio Andrés Iniesta, aos 33 anos de idade, acabou de renovar o contrato com o seu clube de sempre, o Barcelona, assinando um compromisso vitalício. Nesse momento recebeu a camisola que em vez de número apresentou: “A. Iniesta para sempre”.

“Tenho apenas palavras de agradecimento pela confiança do clube para que possa ter este contrato… Aqui é a minha casa”, exclamou Iniesta.

Situação inédita, exemplar mas, de certa forma, aguardada.

Outras funções terão agora o reforço da sua capacidade genial de servir o futebol.

O clube (e a região) mantém na sua estrutura um craque, um talento, uma personagem que reforça a identidade e que possibilita diálogos estáveis e aprofundados.

Para além da natural satisfação do atleta em manter a sua continuidade na equipa/família/casa de sempre, o futebol alcança também mais um porto seguro para o seu crescimento.

Falar da sua carreira, dos seus títulos, dos seus passes e jogadas fantásticas ou mesmo do golo que deu à Seleção de Espanha o Campeonato Mundial de 2010, na Árica do Sul, não é indispensável pois todos o conhecem e admiram.

Para além da capacidade de Iniesta e do clube, ressalta-se a confiança e o simbolismo que esta decisão transmite ao futebol: um excelente exemplo a seguir.

O jogador sempre deu o máximo e o clube (118 anos de vida) prestigiou os seus fundadores. O Barcelona revela continuar a procurar a conquista do futuro.

Além de Iniesta fica também para história o Presidente do clube Josep Maria Bartomeu e a sua equipa diretiva: que grande golo!

Iniesta ingressou com 12 anos no F. C. Barcelona, vindo do Albacete Balompié, estreando-se na 1.ª equipa em 2002/03.

Até ao momento, foram cerca de 640 jogos, de 55 golos, tendo vencido 4 Ligas dos Campeões, 3 Mundiais de Clubes, 8 Campeonatos da Liga Espanhola, 3 Supertaças Europeias, 5 Taças do Rei, 1 campeonato do Mundo em seleções, 2 campeonatos da Europa em seleções, 7 Supertaças de Espanha, entre outros títulos e ainda do que for capaz de vencer até ao final da época, surgindo agora um novo e motivante desafio com implicações na própria evolução do jogo.

Convém realçar que, provavelmente, após este campeonato, no próximo mundial da Rússia/2018, a seleção de Espanha ainda contará com a sua colaboração dentro das quatro linhas.

Questionado sobre que “ases” escolheria, indicou os dinamarqueses Peter Schmeichel e Michael Laudrup, o italiano Paolo Maldini e o brasileiro Ronaldo (Fenómeno). Jogadores que cobrem todos os setores (de guarda-redes a defesa e de armador a avançado), sendo que apenas dois deles jogaram em Barcelona (Laudrup e Ronaldo).

E assim temos um pensador, construtor e arquitecto de jogadas originais nos estádios que, agora, passará a traçar diagonais, passes e desmarcações, no desenvolvimento do jogo, com a genialidade habitual.

Não basta ter sido um grande craque, é indispensável ter um percurso de vida com caráter, coerência e dimensão humana. Só assim se pode ser um verdadeiro personagem para, em diálogos competentes, contribuir para a definição de rumos específicos, adequados e de sucesso.

O futebol carece de evoluir com serenidade, com visão estratégica e estruturada, sem esquecer pormenores, com a sabedoria de quem se dedica integralmente com paixão e garra.

Há exemplos aparentemente similares mas contraditórios: antigos craques que passaram a integrar estruturas internacionais do futebol mas onde se colocam as dúvidas:

– Estão para servir o futebol jogo ou o futebol indústria?

– Para servir as entidades que os contratam ou a si próprios?

Para se poder ser ídolo (“sem pés de barro”) não basta talento ou grandes campanhas mediáticas, mas também uma consistência reconhecida e honestidade, sem desvios estranhos ou oportunistas.

Uma linguagem do talento com valores e princípios é mais um exemplo da “inteligência em movimento” que favorece a evolução sustentável do futebol nas suas diversas áreas, partindo da principal prioridade: a excelência do jogo.

Felizmente, já se começa a notar uma preocupação sistemática em mudar mas nunca deixando de preservar a mística e o ADN de cada clube, como património decisivo.

Todos os clubes, para além das suas realidades, podem sempre olhar para este exemplo como uma motivação e uma vontade em fazer mais e melhor.

Foto: oglobo.com

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Informação sobre o Autor

Aníbal Styliano

Treinador de Futebol

• Professor, licenciado em História • Treinador de futebol nível IV UEFA PRO LICENCE • Ex-jogador profissional, treinador, selecionador • Diretor Pegadógico da AFP • Conselho Consultivo da ANTF • Comissão de Formação da FPF

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