Entorses do Tornozelo, uma das Principais Lesões no Desporto

Quem já não sofreu uma entorse da tibio-társica (“tornozelo”)? Esta condição é de fato uma das mais frequentes em termos de lesões músculo-esqueléticas e mais comum ainda em contexto desportivo. Cerca de um terço de todos os atletas sofrem pelo menos uma entorse durante o seu  percurso desportivo.

A entorse, é um movimento\mecanismo de lesão que pode estar associado a múltiplos quadros clínicos. Existem vários mecanismos de entorse, que podem originar dano em diferentes estruturas capsulares, ligamentares, tendinosas, musculares e até nervosas. O mecanismo mais frequente são as entorses em inversão, na região lateral do pé, quando o “pé roda para dentro”.

Frequentemente as entorses são classificadas em grau I, II ou II (grau crescente de gravidade da lesão); a abordagem e tratamento deve ter em atenção vários aspetos, entre os quais as especificidades das estruturas envolvidas, a extensão da lesão anatómica, o atingimento de outras estruturas adjacentes e a atividade\desporto associada à lesão.

O diagnóstico deve ser realizado por meio do exame físico, em conjunto com a história clínica e a potencial necessidade de exames complementares de diagnóstico para comprovar ou excluir determinadas condições que possam necessitar outra abordagem. O tratamento deverá ser preferencialmente conservador. Todavia, é fundamental perceber se não existem alterações patológicas e\ou estruturais graves, lesão óssea, cartilaginosa, ruturas ligamentares completas, entre outras situações que necessitem de uma imobilização completa, outros procedimentos invasivos ou até abordagem cirúrgica.

A abordagem das entorses da tibio-társica pressupõem uma correta avaliação e identificação de problemas, sendo que uma intervenção precoce permite favorecer o processo de reparação tecidular. O controlo dos sinais inflamatórios nas primeiras 48h\72h com estratégias de proteção, repouso seletivo, gelo, elevação e compressão são fundamentais para um prognóstico favorável e para a resolução do problema. Dependendo do grau de lesão, poderá ser necessária uma fase de redução de carga sobre o membro afetado e uma imobilização mais funcional e seletiva das estruturas.

Técnicas específicas de fisioterapia, maioritariamente associadas à terapia manual, como técnicas de mobilização e manipulação, exercício terapêutico, eletroterapia, ligaduras funcionais ou neuromusculares, bem como outras estratégias mais específicas de redução de dor e sinais inflamatórios, permitem ir de encontro com a resolução do problema.

Para garantir a recuperação funcional e evitar recidivas é fundamental ter em conta estratégias de  reeducação proprioceptiva e neuro-motora, de uma forma adequada ao estadio e fase de recuperação, até ao retorno à atividade desportiva. Este retorno à atividade desportiva poderá necessitar de estratégias de proteção articular (por exemplo ligadura\ortótese) e deverá ser supervisionado, adequando a integração progressiva de solicitações funcionais, a reeducação das estruturas lesionadas e o controlo de dor e sinais inflamatórios.

Lembre-se sempre que uma lesão prévia suscetibiliza a estrutura para nova lesão e que uma entorse “mal tratada” predispõem para fenómenos de instabilidade crónica e entorses mais frequentes. Em caso de dúvida, consulte o seu fisioterapeuta! purafisio@purafisio.pt

Até breve!

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Informação sobre o Autor

Duarte Pereira

Fisioterapeuta

• Sócio-gerente da PURAFISIO – Fisioterapia e Terapias Manuais (SM Infesta) • Fisioterapeuta no Centro Hospitalar S. João • Mestrado e Doutoramento em Saúde Pública • Pós-graduações em Terapia Manual e fisioterapia neuro-músculo-esquelética • Orador em vários cursos/palestras

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