Espero não ser processado por plágio pela frase com que intitulei este artigo.
O ciclismo tem destas coisas, só consegue chegar às capas dos jornais com um positivo, venha ele de que lado for. Mas tenham lá calma que as coisas podem não ser o que parecem.
Sir. Chris Froome notabilizou-se nos últimos anos ao acumular um palmarés de fazer inveja, ao nível dos ciclistas mais icónicos, no qual inevitavelmente se inclui aquele cujo nome não se pode pronunciar. E o problema está precisamente aqui!
Depois de Lance Armstrong o ciclismo não voltaria a ser o mesmo.
Mas aquilo que me faz alguma confusão, é a maneira como os “amantes” do ciclismo se dividem.
(Quero desde já dizer, que em momento algum apoio qualquer utilização de doping por parte de qualquer atleta, em qualquer modalidade. Repugno e condeno tais atitudes por parte de atletas, defendendo a tolerância zero para atletas e agentes desportivos envolvidos.)
Mas assim que se fala num controle positivo por parte de Froome, a imagem que passa é o atleta a dopar-se ao levantar, ao almoço, ao lanche, ao jantar e mais qualquer coisita antes de deitar. Mas nós ciclistas e técnicos não temos culpa do enorme Adamastor que a comunicação social faz destes casos, abanando a sociedade com letras garrafais e deixando a explicação ao nível de cláusulas contratuais de acordos fraudulentos, aquelas coisas pequeninas que mal se leem com uma lupa, até porque não convém que alguém leia, não vá entender o que está lá escrito.
Há muito que se sabe, pois é publico, que Chris Froome é asmático e foi precisamente um medicamento utilizado para alivio dos sintomas da asma que foi detetado, se bem que em excesso (o dobro da dose permitida). Acontece que estatisticamente, cerca de 50% de ciclistas profissionais são asmáticos e não comece já a pensar que é por conveniência.
A asma surge quase que “por lesão” da modalidade, devido aos esforços respiratórios violentos e constantes exigidos ao corpo, os pulmões acabam por precisar de “apoio”. A asma não surge por diagnóstico no médico de família, onde o praticante chega, diz que respira mal e já está, é considerado asmático! Mas a ignorância popular levará em alguns casos a atropelar quanto mais não seja o princípio da inocência e o direito à defesa e crucifica as pessoas em praça pública.
Estão alguns à espera que Froome caia do altar, que num desabar de consciência siga as pisadas de Armstrong e admita que sempre se dopou, que os seus troféus só assim foram conquistados e que os ciclistas “são todos iguais”. Não são amantes do ciclismo, aqueles que só por se sentarem ocasionalmente numa bicicleta a percorrer uns quilómetros assim pensarem.
O ciclismo acusa muitos positivos sim, talvez porque seja uma das modalidades mais controladas. Fossem as demais modalidades populares igualmente controladas para bem da justiça desportiva.
Eu ainda acredito em heróis, não porque queira acreditar de forma cega e a todo o custo, mas porque é preciso estar na pele de um ciclista para compreender alguma coisa, um ciclista a sério, não desses que rolam pelas estradas vestidos de lycra com bicicletas de milhares, mas que por dentro não são mais que meros utilizadores de bicicleta.
Duas pessoas idênticas, tem reações diferentes à mesma quantidade de álcool. Com os medicamentos sucede o mesmo. Se assim não fosse seriam todos campeões, bastava replicar os treinos uns dos outros.
Lembra-se que nós Portugueses temos 3 campeões do mundo de ciclismo na última década e que todos eles se provaram limpos? Estas sim, eram notícias positivas com controlos negativos dignas de grandes capas de jornais.
Aqui está a prova que os ciclistas não são todos iguais.