Ciclismo e a segurança

O início do ano viu o ciclismo a entrar em grande nas conversas de café. Ora umas por boas razões, outras por más razões. Isto de ser ciclista é estar habituado a que só se veja o ciclismo nas capas de jornais por duas razões: a primeira é quando aparece algum caso de dopping, a segunda é quando um ciclista perde a vida de forma trágica numa estrada qualquer.

O Futebol Clube do Porto volta ao ciclismo anos depois de ter abandonado a modalidade, espero que o entusiasmo venha para ficar e que as pessoas que vestem a “camisola” de ciclismo, seja de um clube grande, ou de um pequeno, saibam honrar a modalidade com uma postura limpa no desporto. Venham mais clubes dos “grandes” a ter equipas, porque até os pequenos saem a ganhar com este investimento, é mais um sinal que o ciclismo está para ficar e é um mercado apetecível.

Mas o ciclismo também voltou a ser notícia pela razão que ninguém gosta de ouvir, mais uma morte na estrada de um praticante, tornou-se viral e voltou a trazer ao de cima a pertinente questão da segurança na estrada. Lamentavelmente este assunto, a segurança, tem sido tratado pelos próprios praticantes como se uma moda se tratasse, quando deveria ser um assunto pertinente e de constante debate. Lá vem uma morte que por alguma razão choca mais e o tema torna-se viral durante uns tempos.

Acredito que a ultima alteração ao código da estrada e que supostamente deveria beneficiar e até promover a utilização da bicicleta, não foi mais que uma reação despoletada por um surto de atropelamento à altura, não que os mesmos tenham deixado de acontecer, mas na altura a comunicação social fez capas sucessivas com os trágicos acontecimentos. Alguém rabiscou umas alterações em cima do joelho e as mesmas foram aprovadas para calar a comunidade ciclista, criando aqui um problema sem precedentes entre estes e a comunidade automobilista. Não esquecendo que uma esmagadora maioria dos atuais ciclistas, são também automobilistas.

Está instalado o caos na estrada e tudo porque as ditas leis, não foram precedidas de respectiva informação à comunidade em geral e o atrito entre ciclistas e automobilistas tem levado a situações no mínimo embaraçosas para ambos. Porque se uns são acusados de abusar, outros não mostram qualquer respeito pela vida de quem pedala.

Mais do que alterar leis, precisamos de alterar comportamentos, de ambos os lados, ou corremos o risco de ter muito mais capas negras nos jornais, pais que saem para pedalar e não voltam, filhos e até avós. Se não há idade para pedalar, não há uma selecção apurada de quem tem condições psicológicas para conduzir uma potencial arma capaz de ceifar vidas, a que chamamos automóvel e tal como a bicicleta, serve para nos transportar para qualquer lado.

Pedalem bem e conduzam melhor, em segurança e com responsabilidade.

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Informação sobre o Autor

Pedro Silva

Treinador Profissional de Ciclismo/BTT

• Treinador profissional de Ciclismo/BTT • Administrador do site “Projetopedal”

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