Campeonato do Mundo IHF 2019: Dinamarca Esmagadora!

Teve lugar entre 10 a 27 de janeiro na Alemanha e na Dinamarca, o Campeonato do Mundo de Andebol Masculino naquela que é a competição mais importante da modalidade ao nível de seleções.

Contrariamente ao mundial de 2017, a competição teve transmissões em direto numa televisão desportiva portuguesa, no entanto sendo um canal premium que requer subscrição, nem todas as pessoas tiveram acesso ao espetáculo. Em alguns países, nomeadamente aqueles que organizaram esta competição, os canais televisivos oficiais tiveram programas com análises dos jogos com tecnologias interativas e em 3D. Quero acreditar que, quando Portugal alcançar novamente uma Fase Final, possa haver algo semelhante num canal nacional.

Quem aproveitou da melhor maneira o “fator casa” foi a Dinamarca que numa final inédita entre equipas nórdicas, bateu a Noruega por 31-22 e venceu o seu primeiro mundial, juntando este título ao ouro olímpico. Os dinamarqueses foram esmagadores pois venceram todas as partidas realizadas, tendo afastado da Final os campeões em título, a França, por uns esclarecedores 38-30. Os destaques individuais da Dinamarca vão para o inevitável Mikkel Hansen, MVP e Melhor Marcador da competição e para o guarda-redes quase intransponível Niklas Landin, num conjunto que vale pelo seu todo.

Destaque também para a finalista vencida, a Noruega, que derrotou na meia-final a outra anfitriã e de, na Main Round (2ª Fase de Grupos), se ter superiorizado à Suécia que foi uma das grandes sensações na primeira fase do campeonato. Os noruegueses vêem na juventude de Sagosen e Johannessen a esperança na conquista de um título nos próximos anos, nomeadamente no Europeu do próximo ano onde serão coorganizadores juntamente com a Suécia e a Áustria.

Destaco ainda as brilhantes prestações do Egito, 8º classificado e melhor seleção não europeia, país que vai organizar o próximo mundial em 2021, e do Brasil com um sensacional 9º lugar e com uma vitória histórica contra a Croácia por 29-26 na Main Round.

Relativamente às características do jogo moderno, notei que, apesar da já natural substituição do guarda-redes por um jogador de campo nas ações ofensivas, estas foram mais comedidas relativamente às duas anteriores grandes competições (Europeu de 2018 e Mundial de 2017). Sendo já uma particularidade natural do jogo moderno, os treinadores utilizaram esta situação sobretudo em inferioridade numérica, para atacar com o mesmo número de jogadores, ou quando se encontravam com alguma desvantagem no marcador. Naturalmente foram também acontecendo vários golos para a baliza deserta ao longo de toda a prova, fruto também do aperfeiçoamento do trabalho de preparação para estas situações.

De resto, a tendência é a natural, o jogo de andebol é cada vez mais rápido e dinâmico, com um número crescente de alternâncias entre as fases de Ataque e Defesa. Contrariamente ao que era há uns anos atrás onde os ataques eram sobretudo prolongados, uma sequência ofensiva na atualidade quer-se rápida, mesmo em ataque organizado, procurando-se desequilíbrios rápidos e efetivos para situações privilegiadas de finalização sobretudo na 2ª linha ofensiva quer em passes de rutura, quer em penetração. As defesas são cada vez mais antecipativas, tendo-se observado que o sistema mais utilizado é o 6:0 mas bastante dinâmico e profundo, sobretudo nas principais equipas.

Um outro aspeto que quero salientar é o da utilização do Video-Árbitro, que no Futebol Português têm dado muito que falar nos últimos dias. No Andebol, o VAR foi utilizado pela segunda vez em grandes competições. Mantenho a mesma opinião do ano passado: é bem-vindo apesar de nem sempre, a meu ver, ter sido uma ajuda para tomar as melhores decisões pela dupla de arbitragem. O tempo dispendido pelos árbitros em algumas análises foi muito demorado, quebrando em muito o ritmo e a intensidade de jogo, não favorecendo por isso o espetáculo. Este aspeto tem de ser revisto e melhorado nas próximas competições.

Por fim, referir que este Campeonato do Mundo foi o último com 24 seleções. Foi aprovado o alargamento para 32 equipas já na próxima edição – Egito 2021. Esperamos todos que este alargamento permita a Portugal voltar a entrar na Fase Final de um mundial, feito que já não acontece desde 2003, edição organizada no nosso país.

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Informação sobre o Autor

António Costa Pereira

Treinador de Andebol

• Licenciatura em Ed. Física e Desporto • 2 Mestrados na área do Ensino • Treinador de Andebol de Grau 3 e ex-praticante • Técnico de Desporto Adaptado de Grau 2 (FPDD) • Técnico Nacional de Andebol da ANDDI-Portugal • Coordenador Técnico de Andebol na INAS Europa

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