Desde a grande performance do Sporting na Liga dos Campeões com uns inéditos oitavos-de-final no atual figurino, passando pela brilhante campanha do FC Porto na Taça EHF com uma também inédita chegada à Final 4 da competição, e ainda com a disputa da Final na Taça Challenge por parte do Madeira SAD que perdeu com a equipa romena do CSM Bucareste, orientada pelo Selecionador Nacional de Portugal, Paulo Jorge Pereira e finalizando em beleza com o regresso da Seleção Nacional às Fases Finais após apuramento para o Europeu do próximo ano com a cereja no topo do bolo a ser a vitória contra a França no passado mês de abril em Guimarães. Acrescentado a tudo isto, o facto de várias seleções jovens quer masculinas, quer femininas estarem apuradas para as Fases Finais de Europeus e Mundiais das respetivas categorias, colocando desta forma o andebol português outra vez e após muitos anos de ausência, num patamar respeitável entre os melhores dos melhores.
No entanto, e apesar de todo este louvável sucesso, nem tudo é um “mar de rosas”. O Campeonato Português é cada vez mais desequilibrado e continua pouco competitivo. Apesar de FC Porto, Sporting e Benfica estarem cada vez mais fortes, trazendo inclusivamente para Portugal grandes figuras do andebol mundial e estarem um nível superior em termos europeus, o foço para as restantes equipas é cada vez maior.
Um exemplo claro disso mesmo é a atual situação do ABC, que após ter participado na Liga dos Campeões ao ter ganho o Andebol-1em 2016, não mais quis participar nas competições europeias devido aos elevados custos inerentes à participação na Taça Challenge e o pouco retorno financeiro que teriam. Já no final desta época, tivemos conhecimento da rescisão contratual por justa causa de atletas por incumprimento salarial por parte do clube bracarense, situação esta que, no meu entender, é preocupante tratando-se de um clube de referência da modalidade no nosso país. Também o Águas Santas tomou a mesma decisão do ABC de não participar na Taça Challenge na próxima época que, citando o seu treinador, o Prof. José António Silva “não temos condições (económicas, plantel e outras) para assumir essa participação sem comprometer o futuro do Clube”. Estas posições espelham as dificuldades que a maioria dos clubes atravessam e a pouca profissionalização que ainda reina na modalidade, contrastando com o que acontece nos chamados três clubes grandes.
É sobretudo neste ponto que os principais responsáveis pela modalidade se deverão centrar, para que o andebol português se torne ainda mais sustentável, coeso e competitivo. O caminho está trilhado mas ainda há muita pedra por partir e muitos aspetos a melhorar.
Para finalizar, aproveito o presente artigo para referir que o Campeonato do Mundo de Juniores Masculinos, tem início no próximo dia 16 de julho nas cidades galegas de Vigo e Pontevedra. Dada a curta distância e a participação de Portugal nesta competição, é uma excelente oportunidade de assistir in loco a grandes jogos de andebol pois o nível competitivo será certamente muito elevado. Desejo uma excelente campanha à Seleção Nacional!
Foto: Federação de Andebol de Portugal / PhotoReport.in